O período de 2023 a 2025 foi marcado pela reestruturação do regimento, criação de novas linhas de pesquisa e fortalecimento da rede de instituições

A atual gestão da Coordenação Acadêmica Nacional (CAN) encerra seu mandato de dois anos (2023-2025) com a sensação de dever cumprido. Assumindo o cargo de coordenador nacional em um momento desafiador, o professor Gustavo da Silva Araújo destacou que sua principal missão foi responder às críticas feitas pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), reunindo esforços para manter a nota máxima do Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT) no atual ciclo de avaliação.
“Foram feitas críticas quanto à baixa produção acadêmica relacionada à educação básica, a pouca participação docente em atividades do programa e a ausência de critérios para o corpo docente”, esclarece.
De acordo com a vice-coordenadora, professora Carmen Vieira Mathias, a reestruturação do PROFMAT imposta pela CAPES exigiu “imenso trabalho” para a CAN. “Tivemos que mostrar que o PROFMAT tem identidade própria e que forma professores comprometidos com a educação básica”, afirma.
Dessa forma, uma das primeiras medidas da nova gestão foi justamente a atualização do regimento e a criação de critérios de avaliação e desempenho. Agora, professores que integram o PROFMAT precisam ministrar aulas, orientar dissertações e produzir academicamente. “Foi um choque inicial, mas era necessário. O PROFMAT é um curso de pós-graduação como qualquer outro e nós estabelecemos critérios mínimos para a permanência do corpo docente, algo que nunca havia sido exigido”, reforça Gustavo.
Outro marco foi a redefinição das linhas de pesquisa, que anteriormente, se concentravam em matemática pura e avançada, sem vínculo direto com a educação básica. Foram criadas três novas linhas: Matemática na Educação Básica e suas Tecnologias, Formação de Professores de Matemática da Educação Básica, e Divulgação e Popularização da Matemática da Educação Básica. “Essa mudança foi fundamental para garantir que as dissertações tenham impacto real na sala de aula, sem perder o foco conteudista que caracteriza o nosso mestrado”, explica o coordenador.
Com o trabalho da CAN de enfatizar a necessidade de transformar dissertações de mestrado em produtos acadêmicos como artigos, houve um impacto considerável na produção acadêmica.
“De toda a produção aderente à educação básica de 2021 a 2024, quase 80% ocorreram em 2023 e 2024, após a implantação dessas novas linhas e demandas mais rígidas”, reforça o professor Gustavo.
Por outro lado, a escuta ativa das instituições associadas é vista como principal legado dessa CAN. “Conseguimos aproximar os coordenadores. Eles participaram de comissões, contribuíram nas decisões e isso fortaleceu muito a rede”, destaca a professora Carmen.
Essa também é a avaliação do representante discente da CAN, professor José Vinícius, para quem a principal conquista foi a melhoria na comunicação com a base. “Hoje, os coordenadores locais sabem o que está acontecendo, participam, opinam. Isso era algo que fazia falta”, diz.
José Vinícius também esteve à frente de uma pesquisa de autoavaliação respondida por quase três mil egressos, contribuindo para mapear pontos fortes e gargalos do programa. “Acho que foi a primeira vez que fizemos uma investigação tão aprofundada e estruturada como essa. Da forma como conduzimos, acredito que nunca tinha sido feita antes”, ressalta.
Outro avanço importante foi a centralização dos recursos do programa na Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), instituição responsável pela gestão do PROFMAT. Essa mudança trouxe maior controle, transparência e eficiência na aplicação dos recursos, além de permitir ações como a criação de eventos nacionais. Em 2023, foi realizado o primeiro Encontro Nacional do PROFMAT, no Rio de Janeiro, e a segunda edição já está marcada para ocorrer em outubro deste ano em Mato Grosso do Sul. Também foi criado o Prêmio Regional de Dissertações, que reconhece os melhores trabalhos em cada região do país e busca valorizar a diversidade de contextos educacionais.

Além da consolidação administrativa e acadêmica, a gestão também apostou em ações de divulgação. Foram criadas redes sociais do Mestrado e uma coluna fixa no boletim da SBM, chamada “PROFMAT: para além das contas”, com textos voltados à comunidade da matemática e à sociedade em geral. “Muita gente ainda não sabe o que é o PROFMAT. Isso precisa ser corrigido com informação e presença pública”, afirma Gustavo.
Para a equipe, entre os desafios que permanecem para a próxima gestão estão a adaptação à nova plataforma Sucupira e a valorização do PROFMAT dentro das universidades associadas. “É preciso reconhecer que o mestrado profissional também exige produção acadêmica e compromisso institucional”, aponta Carmen. “Muitas vezes, o professor do PROFMAT não tem o mesmo reconhecimento que aquele que atua em um mestrado acadêmico. Isso precisa mudar”.
Com mais de 100 instituições associadas e uma média de 1.600 ingressantes por ano, o PROFMAT entra em seu próximo ciclo com uma base mais sólida, critérios mais claros e uma rede mais conectada.
